terça-feira, 18 de maio de 2010

Não havia nada no cômodo, além da cadeira desconfortável e suja. As paredes manchadas de tons que me lembravam vômito cobriam toda a tinta velha. O chão estava coberto por poeira e pedaços de jornais velhos. A porta tinha o lado esquerdo empinado e a maçaneta só funcionava se aplicássemos muita força e, mesmo assim, se estivéssemos no lado de dentro.
Eu me trancara propositalmente, estava com a mente tão poluída como aquele ambiente, me adaptei instantaneamente. Eu me sentia suja... impura. Isso acontece quando não se sabe o que quer/o que é.
Eu havia entrado correndo naquele bar, fui em direção dos fundos e sabia que todos tinham me seguido com os olhos, talvez pensando que eu estivesse passando mau, ou que estivesse prestes a violentá-los... Eles não poderiam saber que a cota de sacanagem do dia já tinha sido ultrapassada, afinal, ninguém daquele lugar me conhecia. Eu não me reconhecia...
Fiz questão de ignorar os berros daqueles que tentavam entender o porquê d'eu estar ali, eles esmurravam a porta e ela ia cedendo... até que um dos donos dos berros conseguiu abri-la e entraram... eu não tive forças para me mover. Eles me cercaram e tentaram entender a situação; fizeram perguntas, mas ficaram sem as respostas. Eu me levantei, calmamente; eles ficaram me olhando, esperando as minhas ações, eu solucei algumas desculpas, pedi a um deles um copo com água e eles me permitiram sair do bar. E eu fui. Correndo... correndo... correndo..

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